Abstract
O artigo analisa os motivos que fizeram o pensador indígena Ailton Krenak temer um metafórico segundo exílio de Darcy Ribeiro: se o primeiro foi político, após o Golpe Militar de 1964, o mais recente seria intelectual, pelo esquecimento de sua obra. Formula-se, como hipótese, que dois fatores ajudam a entender a ameaça de exílio do legado de Darcy Ribeiro: o primeiro é a forma de escrita ensaística e imaginativa dos seus livros, que desafia o cientificismo acadêmico; o segundo é o conteúdo modernista de seu projeto de Brasil, fundado na inclusão indígena e na educação, tal como sonhara Oswald de Andrade nos anos 1920 ao falar da dupla base com “a floresta e a escola”, o que desafia a história etnocida e ignorante que governou o país.