Abstract
O presente trabalho tece considerações sobre o problema metodológico que o pensamento político de Arendt confronta. Procuramos destacar que, embora seja errôneo atribuir a Arendt a posse de um método, no sentido tradicional do termo, podemos falar de um exercício de pensamento expresso no verbo “compreender” e no seu correlato “pensar o que estamos fazendo”. Iremos explorar a riqueza semântica que o compreender adquire nas reflexões da autora, apresentando o termo primeiramente como exercício de pensamento e, em seguida, como metáfora filosófica do espectador, procurando distinguir a compreensão do filósofo-espectador da compreensão do homem de ação, traçando os limites entre o filósofo e o político. Veremos que a recusa de Arendt a refletir sobre um método relaciona-se com a recusa a fazer de si um critério normativo para o pensamento alheio. Se Arendt ressalta a importância de pensar o que estamos fazendo, não fornece respostas prontas para este dilema, mas reserva ao interlocutor a tarefa de pensar por si mesmo e chegar a suas conclusões particulares.