Abstract
Através dos parâmetros pós-estruturalistas, busca-se uma prática crítica e humanizada da clínica e que esteja aberta para repensar seus próprios acordos conceituais, ao abrirem-se para métodos que concedam em alguma medida reconhecimento aos pacientes psicóticos que não são capazes de realizar transferência em terapia. A loucura, sendo um fenômeno de dissociação com o nexo dos regimes de verdade estabelecidos, é uma tecnologia de defesa da psique contra a ultra identificação cultural com o Ego da sociedade contemporânea neoliberal. É através das noções descritas por Michael Pollak, sociólogo que escreve sobre identidade social e memória, em que diversas instituições como o Estado e a ciência difundem uma linha histórica progressiva e linear, que não passa de uma construção narrativa ideológica que atualiza o seu poder e domina o corpo social. Neste artigo identifica-se em alguma medida o caráter transgressivo da loucura que pode impulsionar a crítica das normas sociais, em defesa da autonomia do sujeito e da produção livre de seus próprios métodos artísticos, políticos e místicos da psicose. Em relação à epistemologia formadora das instituições, verifica-se o processo crítico necessário à psicanálise tradicional.