Abstract
O desenvolvimento científico e tecnológico, particularmente na área da biomedicina, gera inevitavelmente problemas éticos inéditos e leva-nos a questionar o conceito tradicional de neutralidade moral da ciência. Do mesmo modo, as novas tecnologias médicas parecem ganhar cada. vez mais uma autonomia própria, promovendo valores que, curiosamente, se aproximam de certos traços da natureza humana, mas nem sempre têm em conta o interesse último do doente. O debate sobre questões actuais como a clonagem terapêutica ou a investigação em células estaminais têm-se caracterizado pela irredutibilidade das posições e marcado muitas vezes por forte paixão moral. O artigo mostra, assim, como nestas áreas a antiga questão dos fins a atingir e dos meios para o conseguir assume agora uma nova pertinência ética e filosófica. /// Scientific and technological developments, particularly in biomedicine, have raised new ethical dilemmas and have questioned the moral neutrality of science. Modern medical technologies have also gained their own autonomy, and promote values that are curiously similar to attributes of human nature, not always respecting the overall interests of the patients. The debate about such timely questions as therapeutic cloning or stem cell research has been mostly characterized by irreducible positions and attitudes determined by deep moral passions. The article shows why in these areas the old question about the goals and the means to achieve them has now a renewed ethical and philosophical relevance.