Abstract
O artigo consiste num exame da alegação de Schopenhauer segundo a qual o imperativo categórico se apoia no egoísmo. Para o autor de Sobre o Fundamento da Moral, o imperativo categórico é apenas uma perífrase, um ornamento, uma expressão floreada da regra “não faças ao outro o que não queres que o outro te faça”, a conhecida regra de ouro.Tento mostrar que as observações de Kant quanto à aplicação do imperativo categórico aos exemplos da falsa promessa e da indiferença com o sofrimento alheio são questionáveis.O modo como Kant apresenta tais exemplos dá ensejo a críticas razoáveis sobre o egoísmo ser a base do imperativo categórico. Apesar disso, argumento que é possível defender a tese de que o imperativo categórico, ao contrário do que pensa Schopenhauer,não se apoia em nenhuma forma de egoísmo. Quando Schopenhauer entende o imperativo categórico como princípio do egoísmo, ele pensa que os exemplos de aplicação do imperativo categórico contêm elucidações da motivação moral, o que não é o caso.