Abstract
Das muitas aproximações perpetradas nas últimas nove décadas entre Sigmund Freud e Espinosa, talvez nenhuma seja tão problemática quanto o cotejamento entre o conatus – esforço de perseveração no ser que, na Ética de Espinosa, constitui a essência atual das coisas – e aquela força autodestrutiva a que Freud, em Além do Princípio do Prazer, dá o nome de Todestrieb, ou pulsão de morte. De que forma, à luz de uma ontologia absolutamente positiva como a de Espinosa – uma na qual a destruição de uma coisa será sempre extrínseca à mesma –, devemos receber a asserção de Freud de que há algo na constituição do sujeito que o destrói? Partindo desta questão, o intento do presente trabalho é realizar uma apresentação detida dos conceitos, a fim de determinar em que registro se dá a contradição, e até que ponto a mesma nos constrange a suprimir nossa aquiescência a um ou outro dos mesmos.