Abstract
O presente trabalho pretende investigar como a noção de superstição apresentada por Espinosa no Apêndice da Ética I tem sua gênese no fato dos homens julgarem livre sua capacidade de imaginar e desejar e, deste modo, ignorarem que estas também possuem causas que independem da vontade de um Deus criador. Para tal, iniciaremos nossa análise apresentando, a partir do Apêndice da Ética I, como os preconceitos que impedem a compreensão de Deus podem ser resumidos a um só, a saber, o preconceito finalista. Em seguida, explanaremos a tese espinosana de como o preconceito finalista se transforma em superstição, que tem como causa o medo que se origina nos amores imoderados dos homens pelos bens da fortuna. Finalmente, a partir de algumas passagens da parte II da Ética evidenciaremos como essas ideias derivam do equívoco dos homens em julgar livre sua capacidade de imaginar, ignorantes das causas que naturalmente os determinam.