Abstract
Nos ensaios em que discute o aperfeiçoamento da língua alemã, Leibniz destaca o papel desempenhado pelos signos em geral para a construção das ciências, opondo-se aos que defendem ser preciso sempre a considerar a coisa mesma a fim de descobrir suas propriedades. Para o filósofo, se não houvesse signos capazes de substituir a coisa e a ideia que temos dela, e tivéssemos de remontar continuamente à natureza visada e refazer sua definição, não haveria escolha senão cessar o próprio diálogo com o outro e a própria reflexão. E o que torna um signo apto a ocupar o lugar de uma realidade e se prestar à constituição de conhecimento racional acerca das coisas é que ele exprima, em sua disposição e nas relações que estabelece com outros caracteres, as relações e propriedades que constam da coisa da qual é signo, de sorte que a partir de seu emprego seja possível chegar à coisa mesma. Isto posto, nosso objetivo será discutir o papel da linguagem para raciocinar, bem como a natureza dos termos e essa sua relação com as coisas que significam e pelas quais supõem, a fim de entender como Leibniz pode definir as proposições verdadeiras como aquelas em que há uma ligação coerente entre os termos e simultaneamente afirmar que é preciso encontrar na própria coisa um fundamento apto a justificar a proposição e demonstrá-la a priori.