Abstract
O objetivo é analisar algumas interpretações conexas que giram em torno da tensão entre duas concepções da díke em Édipo Rei. Como as tragédias ocupavam um papel privilegiado na pólis ateniense, pode-se dizer que as exibições e festividades trágicas eram uma verdadeira instituição política. Não por acaso se pode afirmar que as peças apontavam para um conflito entre os valores aristocráticos tradicionais e a nova ordem democrática. Tal tensão pode ser evidenciada na investigação promovida por Édipo que se manifesta em duas formas de justiça, uma de origem divina e outra, humana. Para tanto, este texto, em um primeiro momento, descreve a relação entre tragédia e pólis; após essa introdução, assinala o conflito que se desenhava na democracia e que se reflete nas tragédias; por fim, examina a possível articulação racional entre a díke tradicional e sua contrapartida humana.