Abstract

O autor analisa a posição de Antero de Quental perante o movimento iberista do século XIX, destacando a origem peninsular deste e a sua tradição, com raízes no liberalismo. Aponta a influência nesse movimento de um proudhonismo ingénuo, e destaca o papel de José Félix Henriques Nogueira como transmissor de um ideal federativo com base na concepção de uma "pátria espanhola comum", em que a federação tende no limite paraa fusão.A propósito conclui que a formulação dada por Antero a este pensamento, em Portugal perante a Revolução de Espanha não é mais radical que a de Nogueira, antes é uma consequência contida no pensamento deste precursor do republicanismo. Por outro lado, Teófilo Braga, além de partilhar do ideal liberalista, advogou a separação dos Açores do continente português, contrariamente a Antero de Quental, que pensava que os açorianos só podiam ser portugueses, devendo entrar, federados com o Continente, num estado ibérico. /// L'auteur analyse la position de Antero de Quental devant le mouvement ibériste du XlX.e siècle, en mettant en relief son origine péninsulaire et sa tradition enracinée dans le libéralisme portugais. Il remarque l'influence sur ce mouvement d'un proudhonisme naïf et met en relief l'importance de José Félix Henriques Nogueira en tant que diffuseur d'un idéal fédératif basé sur la conception d'une "patrie espagnole commune", dans laquelle la fédération, à la limite, tend vers la fusion. À ce propos il remarque que la formulation donnée à cette pensée par Antero dans Portugal perante a Revolução de Espanha n'est pas plus radicale que celle de Nogueira; elle est plutôt une conclusion contenue dans la pensée de ce précurseur du républicanisme portugais. Par ailleurs, Teófilo Braga non seulement partagea l'idéal ibériste, mais il a été partisant de la séparation des Açores du Portugal continental, contrairement à Antero de Quental, qui jugeait que les Açoréens ne pourraient être que Portugais, et devraient entrer en fédération avec le Portugal ibérique dans un état péninsulaire. /// The author analises the position of Antero de Quental within the Iberist movement of the XlXth century and emphazises its Peninsular origin and its tradition with roots in the Portuguese Liberalism. He points to the influence in this movement of a certain naive proudhonism and the rêle of José Félix Henriques Nogueira as a transmitter of a federative ideal based on the conception of a "common Spanish fatherland" in which the federation tends at the limit towards fusion. In this context he concludes that the formulation given by Antero in the opuscule Portugal perante a Revolução de Espanha is no more radical than that of Nogueira; it is rather a consequence of the thought of that forerunner of the republicanism in Portugal. On the other hand Teófilo Braga not only shared the Iberist ideal, but also defended the separation of the Azores from the Portuguese homeland, contrarily to Antero de Quental, who thought that the Azoreans could only be Portuguese and that they should accede to an Iberian state federated with the mainland.