Abstract
Apresentamos uma experiência de convivência entre uma professora e seus estudantes atuando em parceria e legitimidade, na qual a aprendizagem emerge a partir de um fluir de coordenações de ações recursivas. O texto se constitui como uma narrativa cartográfica que “mapeia” o fluir das ações e dos movimentos relacionados à convivência. Para explicar as experiências vivenciadas foi feito o uso da Teoria da Biologia do Conhecer, proposta por Humberto Maturana e por Francisco Varela, em especial os conceitos de convivência, de coordenações de ações recursivas, de acoplamento estrutural e de autopoiese. Nessa perspectiva teórica, a aprendizagem é um processo intersubjetivo que acontece na experiência, em acoplamento com a estrutura do sujeito e do meio. A abertura ao fluir das ações, a parceria entre professora e estudantes, em legitimidade, são aspectos que permitiram a emergência de experiências com potencial de desencadear movimentos autopoiéticos relacionados aos processos de ensinar e de aprender. Dentre elas, destacam-se a meditação, aqui pensada a partir do conceito de Enação, e o Conversar Liberador, que oferece princípios para desencadear movimentos de observação de si e de autotransformação. Por fim, através da narrativa cartográfica, apresentamos algumas pistas para práticas pedagógicas articuladas aos princípios apresentados. Entendemos que a missão de educar, sob esse ponto de vista, constitui-se em uma incumbência grandiosa, que implica em ter fé e amor pela vida nas suas diferentes dimensões, atitude que poderá contribuir com a emergência de uma nova consciência planetária, que sustente o viver e o conhecer alicerçado em uma outra forma de ser e de estar na experiência humana.